Segundo Marilice, o termo autoscopia, que dá título à mostra, trata-se, entre outras coisas, do exame de si mesmo, que aqui se estende ao exame da pintura sobre ela mesma. Para essa exposição a artista dá desdobramento a um assunto que há muito tempo lhe ocupa: os procedimentos metapicturais e os mecanismos da representação. Através dos autorretratos, das cenas de atelier, da representação do espectador e das cenas de projeção a pintura transita por sua longa tradição e atualiza-se na medida em que dialoga com outros meios de produção de imagem como a fotografia e o vídeo.
No espaço expositivo a questão da montagem emerge como elemento essencial para a geração de novos significados. Os rebatimentos entre as imagens as tornam interdependentes. Na forma de uma pintura-instalação, as imagens desdobram-se pelas paredes ao modo de uma matrioska russa. Esse processo acumulativo de várias séries, propiciado pela mise en abyme, deflagra um...processo autofágico no qual a pintura se nutre, também, de sua própria história, ou seja, daquelas imagens que lhe antecederam.
Nesse jogo de ir e vir do olhar, Marilice discute o lugar da imagem e os pactos que se estabelecem entre o artista, o quadro e aquele que o contempla.
Entrada actualizada el el 17 nov de 2015
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