Comecemos com uma colagem, o trabalho de Haris Epaminonda que dá nome a esta exposição. A junção, a sobreposição, o que se dá a ver e o que se esconde, as relações criadas e a construção de novas imagens poderiam ter sido pontos de partida para este projeto. Talvez o tenham sido. Talvez a forma como vejo e penso a arte seja feita de colagens. Os trabalhos de Haris Epaminonda e de Francisco Tropa ressoaram juntos, na minha cabeça, demasiadas vezes. Ocupavam os mesmos espaços, mantinham-se imóveis num mesmo local, desvendavam artefactos, criavam narrativas que, quais colagens, eram feitas de ligações, omissões e descobertas.
Partilho convosco um sonho. Numa sesta, em tarde de preguiça, pensei entrar numa casa, mas fiquei-me pelo átrio, onde o seu interior apenas se antecipava. Decidi não entrar na dita, o que ali encontrei bastava-me. Entre fontes e flores, jogava-se o mundo. Um homem escondeu-se atrás de...uma coluna e, numa língua que não percebia, mas a que eu estranhamente respondia, chamou-me. Fui. Ao fundo, do lado esquerdo, um grupo de homens e mulheres bebiam e jogavam.
Construíam formas geométricas e comentavam que o mundo não era apenas redondo e finito, que era mais que esta casa de amores dourados, em Pompeia. Refrescámo-nos numa fonte, ladeada de pedras. Com a água ligeiramente acima dos joelhos, ergui a cabeça e vi os picos dos Himalaias.
Estranho mundo este em que de Pompeia se vêem os Himalaias.
Estranho mundo este em que uma exposição se nos revela num sonho.
Entrada actualizada el el 14 may de 2016
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