Descripción de la Exposición
Atlas, antes de ser uma das possibilidades de desenhar o mundo, mapear terras e mares, representá-lo, é um castigo dos deuses. Zeus impõe, a um dos titãs que o ameaçavam, o castigo de carregar o céu nas costas, o que depois se popularizara na imagem do globo terrestre. Uma imagem claramente desproporcional: um homem e o globo terrestre. No cinema, Chaplin criou a emblemática cena, em que brinca, fantasiado de tirano, com o atlas, como se, dono do mundo.
Ricardo Ventura, em parte de suas esculturas, lida com possibilidades análogas de desproporcionar, retesar, amolecer fios, globos, ponteiras, ora de madeira, ora de metal, ora de vidro. Assim, pesquisa as extensões das matérias, até configurar limites, contornos que se tornam, desenhos no mundo, como a divisão dos continentes, a delimitação das ilhas.
Nesta exposição, temos uma seleção de trabalhos de Ventura em distintas materialidades, além de obras inéditas. Mais ligado às possibilidades da matéria e ao uso das ferramentas do que, propriamente, a construções narrativas, Ricardo Ventura é um artista nucleado nas atividades do ateliê. Sim, mais do que afeito a condições conceituais em rastilhos rápidos, deixando o truque sobrevir ao trabalho, Ventura se dedica em tempo alongado ao que pode ser retirado do contato entre materiais, técnicas, ferramentas. Porém, como resultado, temos uma construção inquietante que se acumula ou se individualiza sobre as mesas, escorre pelas paredes, pende dos tetos, alcança, agora, a mata. Assim, o trabalho de Ventura mostra-se próximo ao que interessa às pesquisas da performance, da arte que busca na natureza seus materiais e, com isso, podemos, abrir aspas, a partir da imagem de Atlas, para pronunciar dois nomes próprios, singulares, iniciados em maiúscula: "Corpo" e "Terra".
Marcelo Campos, curador
Exposición. 13 dic de 2024 - 04 may de 2025 / CAAC - Centro Andaluz de Arte Contemporáneo / Sevilla, España
Formación. 01 oct de 2024 - 04 abr de 2025 / PHotoEspaña / Madrid, España