A Galeria Athena tem o prazer de apresentar no dia 13 de fevereiro, a partir das 19h, a exposição coletiva Até onde a vista alcança, com curadoria de Fernanda Lopes. Dentro e fora da galeria estãoreunidas cerca de 40 obras realizadas desde o século 19 até os dias de hoje, por 17 artistas, brasileiros ou radicados no Brasil, de diferentes gerações: Alfredo Volpi (1896-1988), Ana Dias Batista, André Komatsu, Antônio Dias (1944-2018), Débora Bolsoni, Ernesto Neto, Floriano Romano, Frederico Filippi, Giovanni Castagneto (1851-1900), José Pancetti (1902-1958), Julia Arbex, Lais Myrrha, Lara Ovídio, Matheus Rocha Pitta, Thiago Rocha Pitta, Vanderlei Lopes e Wanda Pimentel (1943-2019).
A mostra tem como mote inicial uma reflexão sobre o significado e a prática até os dias de hoje de um dos gêneros mais antigos da pintura: a paisagem. O título Até onde a vista alcança, longe de ser uma afirmação, é na verdade uma pergunta, ou...um desafio, como aponta Fernanda Lopes no texto de apresentação. “Olhar a paisagem não só constatar o que está à nossa volta e sim pensar como o que está à nossa volta se constituiu”, explica. “Acredito que uma das questões da produção contemporânea é chamar atenção para a diferença entre olhar e ver. Ver é duvidar, é não se contentar com a primeira impressão. Ver é olhar duas vezes. É tirar o espectador de uma posição passiva e tornar o olhar (e todo o corpo) mais ativo”, explica.
A obra mais antiga da exposição é uma pintura de Giovanni Castagneto. Pintor e marinheiro, é um dos principais nomes da pintura de paisagem litorânea e marinhas do século 19 no Brasil. Depois de alguns anos como aluno da Academia Imperial de Belas Artes (RJ), ele integra o Grupo Grimm – que trocou as aulas em ateliês fechados pela pintura ao ar livre na Praia de Boa Viagem, em Niterói. Essa mudança influencia fortemente sua pintura, que deixou de lado princípios acadêmicos como precisão, realismo e proporção, em favor de pinceladas livres, forte gestualismo e tendência ao monocromatismo. Já artistas como Alfredo Volpi e José Pancetti, também presentes na exposição, revelam ao público como a pintura de paisagem também foi local da busca por autonomia que marca a produção moderna, na primeira metade do século 20.
Além de pintura, Até onde a vista alcança apresenta também fotografia, objeto, escultura, intervenção, colagem, vídeo e obra sonora, revelando, para além de uma dimensão mais histórica, a possibilidade de releituras contemporâneas da paisagem. Reunindo obras realizadas nas últimas quatro décadas, incluindo algumas inéditas, a mostra aponta como “paisagem” não é só o espaço da natureza, mas também “território” – um espaço resultado da ação do tempo e do homem, tendo assim também um sentido político, social e cultural. Obras como as de Andre Komatsu, Frederico Filippi, Lais Myrhha, Lara Ovídio e Matheus Rocha Pitta por exemplo, evidenciam a noção de que paisagem é construção/desconstrução de fronteiras, deslocamentos e projetos políticos.
Entrada actualizada el el 24 feb de 2020
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