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Arte em Estado de Guerra

Exposición / Galeria Av. da Índia / Avenida da Índia, 170 / Lisboa, Portugal
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Cuándo:
08 mar de 2019 - 26 may de 2019

Inauguración:
08 mar de 2019

Comisariada por:
Paula Pinto

Organizada por:
Galerias Municipais - Cámara Municipal de Lisboa - EGEAC - Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural

Artistas participantes:
Stefano Serafin

ENLACES OFICIALES
Web 

       


Descripción de la Exposición

As Galerias Municipais / EGEAC inauguram no próximo dia 7 de março, às 18h, na GALERIA AV. DA ÍNDIA, a exposição Arte em Estado de Guerra, de STEFANO SERAFIN com curadoria de Paula Pinto. A exposição apresenta um conjunto de fotografias de Stefano Serafin (Possagno, Veneto, 1862-1944) que retratam a destruição das esculturas de Antonio Canova (Possagno, Veneto, 1757-1822) durante a Primeira Guerra Mundial. Após a morte de Antonio Canova em 1822 e o encerramento do seu estúdio romano, cerca de 186 gessos foram transportados para Possagno, a vila natal do escultor. A Gipsoteca Canoviana abriria ao público em 1844 e Stefano Serafin foi nomeado seu conservador a partir de 1891. O acervo dos gessos Canovianos seria brutalmente danificado por uma série de granadas de mão, quando em 1917 a cordilheira dos Alpes se transformou numa das frentes de batalha da Primeira Guerra Mundial. Foi precisamente há cem anos, que o conservador da Gipsoteca Canova, Stefano Serafin, deu início à documentação fotográfica dos gessos e à sua reconstrução. Depois de ter sido parcialmente comissariada para o Centro Internacional de Artes José de Guimarães em 2017, esta exposição chega agora à Galeria da Avenida da Índia, através das Galerias Municipais/ EGEAC, com um núcleo de 70 novas fotografias, encontradas recentemente em Possagno e agora mostradas pela primeira vez ao público. Nas palavras da curadora, estas fotografias “representam o limite da destruição a que as obras de arte estão sujeitas. Elas já não representam as esculturas de António Canova. A reconstrução das obras por Stefano Serafin, o conservador da Gipsoteca desde 1891, levou à assunção destes objetos não como artefactos únicos, mas antes enquanto objetos sujeitos a transformações. Invocando as várias fases do processo criativo de Canova que originaram os diversos artefactos em gesso existentes na Gipsoteca de Possagno (Veneto), Serafin reconstruiu a maior parte dos gessos (incluindo calcos e modelos) a partir das correspondentes esculturas em mármore. Ao fazer moldes das obras de mármore para recuperar os gessos, o conservador reverteu a hierarquia de alguns destes objetos, uma vez que transformou alguns dos modelos originais, em cópias. Contudo, estas inversões permitem chamar a atenção para a complexidade dos processos reprodutivos utilizados por Antonio Canova, e que se mantêm omissos na moderna perceção dos objetos de arte enquanto objetos únicos e originais. Os restauros de Serafin ajudaram a recuperar o domínio da tradição da escultura, anunciadamente perdido no acesso às obras de arte através de reproduções fotográficas. Desconsiderada como reprodução “não-interpretativa”, a fotografia de obras de arte, tal como os calcos de gesso de obras tridimensionais foram ironicamente apropriados pela História da Arte e pelos museus de cópias, precisamente por se tratarem de meios transparentes (“self-effacing”); foi a suposta inexistência de condição visual e até material que permitiu aos objetos reprodutivos serem utilizados como “genuínos”. Estas imagens que revelam a tortura da guerra e a dedicação com que Stefano Serafin restaurou a beleza neoclássica da arte de Antonio Canova, evidenciam as ruínas através das quais procuramos dar sentido à vida, num desequilíbrio entre a obrigação de reconstruir a memória e a expectativa de que a arte, ao contrário de tudo o resto, sobreviva intacta para sempre.” Esta exposição teve a colaboração de: FAST – Foto Archivio Storico Trevigiano (Treviso, Itália) Museo – Istituto per la Storia del Risorgimento Italiano (Roma, Itália) CIAJG – Centro Internacional de Arte José de Guimarães (Guimarães, Portugal) Henry Moore Foundation (Hertfordshire, Reino Unido) Biografia STEFANO SERAFIN (1862-1944) nasceu em Possagno (Itália) e formou-se na Academia de Belas Artes de Veneza. Tornou-se o conservador da Gipsoteca Canova em 1891. Após o bombardeamento de 1917, durante a Primeira Guerra Mundial, o seu trabalho de restauro permitiu a reabertura do museu em 1922 (centenário da morte de António Canova). Stefano Serafin dedicou a sua vida à preservação e restauro dos gessos de Canova, tendo sido denominado na imprensa de guerra como o “cirurgião de obras de arte”. Stefano Serafin não era um fotografo profissional e as suas reproduções raramente circularam publicamente. Na ausência de prévia documentação visual e perante a destruição dos gessos por uma granada de mão, Serafin viu-se obrigado a registar o estado da arte. Se o papel da reprodução fotográfica de obras de arte é entendido como uma forma de preservação da imagem de obras de arte que vão desaparecendo com o tempo, os negativos de Serafin documentam, pelo contrário, a ruína dos gessos antes do seu restauro. As fotografias de Serafin não foram realizadas para serem percecionadas depois do restauro dos objetos, mas representam hoje o limite físico do acesso a parte do trabalho original de Antonio Canova e o último testemunho das feridas que, por decisões político-culturais, se tornaram invisíveis. PAULA PARENTE PINTO (Porto, 1971) é licenciada em Artes Plásticas – Escultura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto e Mestra em Cultura Urbana pela Escola Técnica Superior de Arquitetura da Universidade Politécnica da Catalunha. Especializou a sua área de estudo em História da Fotografia no Programa de Estudos Visuais e Culturais da Universidade de Rochester (NY, USA), onde concluiu o Doutoramento com a tese “Condemned to Invisibility? Antonio Canova and the Impact of Photographic Reproduction on the History of Art” (2016). Trabalhou como investigadora e produtora de exposições no Museu da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (1998-2000) e no Museu de Arte Contemporânea da Fundação de Serralves (2000-2002). Fundou e coeditou com Pedro Bandeira e Joaquim Moreno a revista de Cultura Urbana In Si(s)tu (2000-2005). É editora do álbum fotográfico “Ernesto de Sousa: O Meu Corpo é o Teu Corpo” (2014). Desde 2010 tem trabalhado como investigadora e curadora independente. Destacam-se: “João Dixo (1941‐2012): Exposição Cancelada” no Museu da Vila Velha (Vila Real 2018), “Albuquerque Mendes: Nunca fiz uma exposição de desenhos”, Centro para os Assuntos da Arquitetura e das Artes (Guimarães, 2016), “Ângelo de Sousa: Uma escultura (S.N.B.A.), 1972”, CAAA (Guimarães, 2012). “Ângelo de Sousa [1938‐2011]: Ainda as Esculturas”, Galeria do Teatro Municipal da Guarda (2012), “Grupo Puzzle (1976‐1981): Pintura coletiva = pintura individual”, Centro de Artes e Espetáculos (Figueira da Foz, 2011), entre outras. Na área da fotografia, cocomissariou com Joaquim Moreno a exposição “Carlo Scarpa – Túmulo Brion – Guido Guidi” na Garagem Sul do Centro Cultural de Belém (2015), comissariou a exposição “Ernesto de Sousa: A mão direita não sabe o que a esquerda anda a fazer” para a XIX Bienal de Cerveira (2017) e cocomissariou com Sofia Castro a exposição “Carlos Nogueira: fotografias de trabalho e outros desenhos”, no Arquivo Municipal de Lisboa (2018). Sob a égide do concurso público “Criatório”, prepara com Joaquim Moreno o levantamento fotográfico de Guido Guidi “Um itinerário entre bairros: viagem aos limites do Porto”, para a Câmara Municipal do Porto. A exposição “Stefano Serafin: Arte em Estado de Guerra”, foi comissariada para o Centro Internacional de Artes José de Guimarães (2017) e atualmente expandida para a Galeria da Avenida da Índia, onde pode ser vista de terça feira a domingo, das 10h às 13h e das 14h às 18h. ANTONIO CANOVA (1757-1822) nasceu em Possagno (Itália). Escultor neoclássico, a sua obra é conhecida histórica e internacionalmente. Depois de se ter transferido para Roma em 1780 e de aí ter aberto um estúdio no Vicolo dele Colonnette, Canova começou a utilizar um processo escultórico aditivo, ou seja, em vez de esculpir as suas esculturas diretamente em pedra (processo subtrativo), modelava-as primeiro em barro, mas já na sua escala definitiva. Sendo o barro uma matéria orgânica e suscetível de transformações num curto espaço de tempo, Canova realizava moldes de gesso a partir dos modelos de barro que ia finalizando, passando-os de imediato a positivos em gesso. Era a partir destes modelos em gesso, anotados com um mecanismo de cópia – inserção de pontos metálicos na superfície dos modelos de gesso que permitiam a medição e respetiva transferência das distâncias entre diversos pontos – que as suas criações eram transferidas, com a ajuda de colaboradores, para os blocos de mármore. Antonio Canova esculpiu várias estátuas e grupos escultóricos similares em mármore e antes de os enviar para os respetivos colecionadores (dispersos internacionalmente), tirava novos moldes de gesso, desta vez, a partir da pedra. A sistematicidade deste processo, deu origem a uma coleção única de gessos, conservada por Canova num mesmo sítio – o seu estúdio romano –, como um catálogo tridimensional de toda a sua obra. Depois da sua morte, o seu meio-irmão, Gianbattista Sartori Canova, transferiu grande parte desta coleção de gessos para Possagno, a cidade natal de Canova. A coleção de gessos de Canova foi tornada pública em 1836, passando a representar uma oportunidade excecional para o estudo do processo de trabalho deste escultor, mas acabou por ser brutalmente destruída durante a Primeira Guerra Mundial (1917). A técnica de produção de moldes de gesso generalizou-se no final do século XVIII, com a reprodução de esculturas greco-romanas encontradas em escavações arqueológicas. O seu objetivo era fazer chegar as cópias de baixo custo a coleções e escolas de Belas Artes, mas o recurso a esta técnica não é conhecido no processo criativo de escultores contemporâneos.


Entrada actualizada el el 09 may de 2019

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