Descripción de la Exposición
Arte do Brasil no século 20 apresenta uma seleção de obras da coleção do MASP, em diálogo inédito com documentos do arquivo histórico e fotográfico do museu. O recorte não pretende construir uma história abrangente da arte do século 20. Ao contrário, o conjunto é fragmentado, e, se há uma história que ele revela, é a do próprio museu e de seu acervo. Ao lado das obras, são expostos documentos referentes a elas, como correspondências, fotografias, folhetos, catálogos e textos diversos. Ao trazê-los a público, é possível conectar cada trabalho com os contextos sociais e políticos em que foram produzidos, exibidos e adquiridos. Nesse sentido, tanto Arte do Brasil no século 20 como a exposição que a complementa,Arte no Brasil até 1900, no segundo subsolo, são uma oportunidade para compreender o acervo de arte brasileira do MASP – seu passado e suas possibilidades futuras.
As obras estão ordenadas cronologicamente por sua datação, com agrupamentos de trabalhos do mesmo autor. Com isso, abandona-se a perspectiva tradicional da história da arte, com seus movimentos, gerações e períodos, sua ideia de progresso e linearidade. Numa organização cronológica, vemos como certas ideias, associadas a uma década ou período, se estendem e se antecipam. Se a presença mais antiga da exposição é a famosa A estudante, de Anita Malfatti, de 1915-16, a mais recente, de 1990, poderia ser considerada tardia na produção de Geraldo de Barros, artista conhecido por suas experiências com fotografia e abstração geométrica na década de 1950.
O acervo do MASP revela o grande ímpeto dos primeiros dez anos de aquisições (1947-57), que resultou num extraordinário conjunto de obras de pintores modernistas, como Malfatti, Di Cavalcanti, Flávio de Carvalho, Vicente do Rego Monteiro, Cândido Portinari e Lasar Segall. Já nas décadas seguintes, o museu passa a fazer aquisições mais pontuais.
Há uma forte presença da arte figurativa, em oposição ao abstracionismo. Nas décadas de 1940 e 1950, a abstração era promovida pelo empresário norte-americano Nelson Rockefeller (1908-79) e pelo Museum of Modern Art (MoMA) de Nova York no contexto da “política de boa vizinhança” dos Estados Unidos com o Brasil. O foco na figuração é reflexo do próprio interesse de Pietro Maria Bardi (1900-1999), diretor do MASP desde sua fundação até 1992. Por trás desse interesse estava uma suspeita de que, numa abordagem mais formalista, a arte abstrata resultaria numa despolitização da arte. Nesse sentido, é sintomático notar que as obras abstrato-geométricas na exposição foram doações dos próprios artistas ao museu.
Ao longo dos anos, o MASP expôs e adquiriu obras de artistas visionários e autodidatas que operavam fora do circuito ortodoxo da arte moderna e contemporânea e da Academia, algo que interessava particularmente Lina Bo Bardi (1914-1992), arquiteta responsável pelo projeto do MASP. Esse é o caso de José Antônio da Silva, Rafael Borjes de Oliveira, Agostinho Batista de Freitas, Hélio Mello e Maria Auxiliadora. São artistas que retrataram histórias, paisagens, costumes e culturas do povo brasileiro, muitas vezes marginalizados pela elite e burguesia locais.
A partir de 1991, com a criação da Coleção Pirelli MASP de Fotografia, o museu consegue acompanhar a produção de fotografia no Brasil, trazendo para o acervo mais de 1500 obras. Aqui é apresentada uma pequena seleção, com obras de Arthur Omar, Cláudia Andujar, George Leary Love, Geraldo de Barros, German Lorca, Marcel Gautherot e Thomas Farkas.
A expografia de Arte do Brasil no século 20, com painéis suspensos, é inspirada no projeto da antiga sede do MASP de Lina Bo Bardi, na rua 7 de Abril, na década de 1950. Ela antecipa o retorno da radical expografia dos cavaletes de vidro de Bo Bardi, inaugurada em 1968 no MASP da avenida Paulista. A retomada dos cavaletes na coleção permanente do museu está prevista para o segundo semestre deste ano. Como suportes transparentes no lugar de paredes, eles criam um espaço único no qual convivem diferentes obras, artistas, estilos e escolas, além do próprio visitante, rompendo com uma narrativa convencional da arte e permitindo que novas histórias venham à tona.
Esta exposição é complementada por Arte do Brasil até 1900, apresentada no segundo subsolo do MASP.