Porque pintas?
Não sei bem… a verdade é que, para escrever este texto andei pela net a pesquisar uma série de sites de artistas plásticos e deparei-me com textos recheados de conceitos e significado que me deixaram aqui a tremer num cantinho e a pensar, desesperada: e agora, o que raio hei-de eu dizer? É que a verdade é que não pinto por nenhuma daquelas razões, pinto porque é bom, porque me faz sentir bem e com bem não quero dizer tranquila, longe disso, pintar, ao contrário do que me dizem tantas vezes, não é nada tranquilizante, pintar é um desassossego, é uma montanha russa, e logo eu que detesto actividades radicais, me foi calhar ficar assombrada por esta necessidade… mas as coisas são como são e cada um tem de carregar a sua cruz e a minha, aparentemente, é pintar para me divertir (e, se tiver sorte, divertir os outros),...sendo que, para já, o que me diverte são as situações do dia-a-dia, desde que insólitas, com uma maldadezinha aqui, um absurdo ali, tudo isto inserido num universo anacrónico, de interiores – que eu cá, a ser artista, sou uma artista de alcatifa – onde a imagem estática aparece como dinâmica, uma cena teatral onde há alguma coisa prestes a acontecer mas não se sabe exactamente o quê e quais as consequências, como um policial a trinta páginas do fim, em que ainda há uma série de hipóteses em aberto e cada um pode fazer a sua aposta.
Entrada actualizada el el 09 oct de 2018
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