Com abertura marcada para o dia 26 de março, a exposição 'Ao Modo Quase Clássico', de Claudia Hersz, comenta com olhar profundo e bem-humorado o fantasioso presente do clássico. Em uma provocação conceitual sobre a arte decorativa, Claudia propõe um jogo de memória do que foi e do que não foi. São objetos, esculturas, gobelins e uma série de fotomontagens para cutucar com pinceladas delicadas o leão contemporâneo. A artista recentemente premiada em São Paulo e com participação no último programa Rumos Artes Visuais transporta o público para esse lugar imaginário, onde o Rei Sol e a nova burguesia brindam com garrafas de cachaça nos jardins do Flamengo. Neste recorte idílico e surpreendente, Claudia resgata objetos e recria a História pós-moderna navegando por ondas 'extra-vagantes'.

Os objetos resgatados de feiras de antiguidades são revelados como raridades do futuro. Claudia traz ... uma cadeirinha de criança forrada com tapeçaria francesa que esconde na ilustração sandálias de plástico e garrafinhas pet. Depois, uma bolsa com cena idílica mostra a dama que segura uma Kalashnikov, em interferência sobre a ilustração do gobelin. Um manequim traz um vestido em tapeçaria que esconde outras provocações. 'Sou um Debret com defeito', brinca.

Livros antigos também são colecionados. Nesta série, uma mesinha de marchetaria guarda com elegância e certa morbidez o ciclo da vida, narrando da gestação à morte através de recortes de um livro de medicina ilustrado. Em um comentário sobre a visão, Claudia que recém operou a visão, apresenta uma caixa com páginas sobre as doenças dos olhos. No primeiro nível da caixa que tem um tampo de vidro, olhos de boneca encaram quem ousa olhar; no nível inferior (ou interior) da caixa, a artista reserva um óculos quebrado e um cristal que encaixaria perfeitamente na órbita ocular.

O teto da galeria segura um lustre carolliano para receber Alice. 'Aqui também é sempre hora do chá', convida. Claudia faz outras homenagens: apresenta seu 'Desviinho para o Vermelho' para Cildo Meirelles, seu dublê oratório-mictório para Marcel Duchamp e uma esfera de vidro que reflete os visitantes na exposição lembrando das dimensões paralelas de M.C. Escher. A artista apresenta também uma série de seis fotografias impressas em papel superbrilhante e fake, em registro fabuloso do Rio de Janeiro. Para completar, ela abre um gabinete de curiosidades.

A exposição fica em cartaz até maio, na galeria Jaime Portas Vilaseca, no Leblon. A artista carioca ainda está no Paço Imperial, na exposição 'Convite à Viagem - Rumos Artes Visuais 2011-2013' com curadoria de Agnaldo Farias do programa Rumos Artes Visuais, onde 45 artistas brasileiros levam o visitante a uma viagem pelo Brasil.