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Antinatural de Pedro Barassi

Exposición Online


Cuándo:
16 jun de 2022 - 16 jul de 2022

Inauguración:
16 jun de 2022 / 15H

Horario:
mrtes a sabado 15H-19H

Precio:
Entrada gratuita

Organizada por:
Módulo - Centro Difusor de Arte

Teléfonos
+351961224165

Correo electrónico
modulo@netcabo.pt

       


Descripción de la Exposición

Agosto, agosto, os torrões estão leves, ao menor toque se desmancham em pó. Estrela de agosto, baça. Céu que se adensa, vento. Papéis no redemoinho levantados, Esta sede excessiva e ciscos. Um homem cava um fosso no quintal, uma ideia má estremece as paredes. Adélia Prado No conto As Mil e Uma Noites acompanhamos Xerazade, a mais recente esposa do sultão, a adiar sua execução através de histórias, noite após noite. Sempre a caminhar no fio de uma navalha, Xerazade segue cuidadosamente enquanto o carrasco a aguarda: é preciso manter o suspense, o interesse, o tédio do sultão significa seu fim. Assim imagino Pedro trabalhando. Sua pintura possui em si um certo risco, como se algo estivesse em jogo, há cuidado em sua confecção, há também urgência, ânsia. As imagens apontadas por seus trabalhos não gritam, não clamam por atenção, são sorrateiras. O sultão não poderia perceber o que Xerazade tramava, Pedro também não pode deixar-nos perceber o que faz, caso contrário: escapamos, e o carrasco aguarda lá fora, afiando sua lâmina. Ao adentrarmos esta exposição é fácil notar que Pedro possui um teor técnico apurado, existe em seu trabalho uma consideração pela tradição da pintura, respeito pelos gigantes que nos cedem os ombros. Dito isto, é também impossível reduzir o trabalho do Pedro a uma apuração técnica da pintura, há algo por trás do metodismo com o qual estes trabalhos são construídos. Um jovem pintor do século XXI, um ciborgue[1] que vive em estado de simbiose com sua câmera fotográfica portátil, parece caminhar pelo mundo como quem navega por uma interface digital tendo consciência de sua natureza fabricada: não apenas habita, mas vigia, escaneia, registra. Existem na pintura diversas táticas que podem ser utilizadas para lidar com os problemas que surgem de seus componentes, estratégias para interagir com a especificidade do meio pictórico, dentre as quais gostaria de destacar a força e a fineza. Pensemos na seguinte analogia: antena parabólica e antena de matriz de fases. Em uma antena parabólica, a estrutura inteira precisa se mover para direcionar o sinal, na matriz de fases tem-se um grupo de antenas imóveis, que, através de um processo coletivo criam uma antena virtual que pode apontar em qualquer direção. Um exemplo de fineza em oposição à força. Ao olhar atentamente pinturas como Desvio a Esquerda (2021), Bandeja (2020) ou Paisagem com hélice (2022) é possível perceber a fineza que existe na forma como Pedro mistura as cores em suas pinturas, delas emana um teor fantasma, uma certa malícia. Em contraposto, penso que a força bruta é utilizada na forma com que Pedro – através da composição – nos convence de que essas imagens merecem estar ali, pintadas, reveladas. O aspecto proto-ilustrativo de algumas destas pinturas é acobertado por uma capa compositiva que, por sua vez, é resultado de um processo de insistência, um puxa-estica, um movimento que aparenta ser laborioso. Sobre as imagens que Pedro escolhe apontar com suas pinturas, vale ressaltar o quanto fazem notar a intervenção humana no mundo. Em Jibóia (2022) é possível ter clara noção disso: uma natureza morta na qual a planta que vemos quase desaparece perante a presença do pote de vidro que a contém, submersa em uma água amarelada pelo tempo, pelo esquecimento de quem a domesticou. Essa atmosfera proposta por Pedro que se assemelha a filmes como Videodrome (1983) ou Alien, o Oitavo Passageiro (1979), ao mesmo tempo que nos aponta a presença destes elementos, também evidencia a presença destes no cotidiano, a natureza domada, o lobo bonsai sagrado[2]. Roupas, carros, metais, circuitos. O costume nos faz esquecer a presença das coisas, como apontado por Merleau-Ponty em A Dúvida de Cézanne: “Vivemos em meio aos objetos construídos pelos homens [...] e na maior parte do tempo só os vemos através das ações humanas de que podem ser os pontos de aplicações. Habituamo-nos a pensar que tudo isto existe necessariamente e é inabalável". As coisas que nos escapam à atenção pelo hábito, pela incorporação: mecanismos, miragens, máquinas, o objeto invisível[3]. Heron P Nogueira, Lisboa, junho de 2022.


Entrada actualizada el el 16 jun de 2022

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