DA ANOMALIA SOBRAMOS NÓS
Do singular ao plural devemos todos experimentar a rara ciência de entrar por vidros adentro sem contrair ferimentos. A segurança de ver/sentir por olhos de outros a nossa própria imagem no esgar, na contracção, no arroto, no orgasmo e na cãibra.
Somos nós.
Aos medrosos basta ser mirone de acidentes de estrada, espectador de tragédias teatrais ou de hecatombes televisivas sem levantar rabo de sofá ou lugar de primeira fila. Somos todos medrosos nesta narrativa navio-escola de descobrir anomalias nos outros e de esconder a nossa própria. Essa é a verdadeira anomalia, o jogar às escondidas com aquilo que realmente temos de ser.
Todos lá para trás.
A parede que segura o espelho guarda a impressão caixa-negra-excesso da exposição de luz que o espelho não conseguiu bloquear. Para lá da superfície espelhada fica o outro espectro, o que não se esconde nas sombras e que invade o restante branco infinito.
A natureza...encontra sempre um caminho.
Texto por Pedro Saavedra
Entrada actualizada el el 05 sep de 2017
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