Descripción de la Exposición O desenho. Uma linha, um conjunto de linhas, um emaranhado de tramas, um urdir a alvura do papel, num incansável gesto do lápis e da pena. Ana Rutter traz vida novamente ao objeto julgado perdido, ou transformado pelo tempo. Revisitado e revitalizado ele se refaz em riscos ou se incorpora na terceira dimensão do fio, que não quer agulha e pano, mas tem sede de papel. Quer ser desenho e construir formas e não teme tesouras. Ana risca bules de bicos fálicos num universo onde predomina o silêncio de barulhos ocultos e ensurdecedores. No preto masculino, no vermelho feminino, no azul neutro, como no rosa que acalma, a artista reconstrói passados e observa um mundo que por vezes nos faz pensar na também tecelã Louise Bourgeois. Objetos acidentados, cabeludos em seus novelos, nos trabalhos de Ana destruição se remonta em modificação. Mais uma vez silêncio: máximo no mínimo. É preciso o fruidor se ater, mergulhar na obra e observar com cuidado o muito que cada gesto gráfico tem a nos oferecer. De uma colagem nasce a grafia, ora do lápis, ora da esferográfica. Mais uma vez, o objeto esquecido pelo tempo e pelo desuso se transmuta para o orgânico e diante de uma composição, que num primeiro momento parecia abstrata, é na verdade o olhar novo e sensual para aquilo que o mundo pedia fim. Assim, Ana volta-se aos poucos para o mundo da indumentária, por onde tantas vezes tramitou em outras épocas, e nos brinda com uma instalação onde o desenho se torna objeto. A plasticidade criada por um nó de tie dye culmina com luxo a exposição em 'Aurinoir', como um inseto que abandona sua crisálida. 'Aurinoir' quer brilhar ouro sobre preto, como o casulo também vai revelar o dourado escondido no seu mundo uterino, já que o termo crisálida também significa ouro.
Exposición. 12 nov de 2024 - 09 feb de 2025 / Museo Nacional Thyssen-Bornemisza / Madrid, España