No próximo dia 6 de Julho, sexta-feira, às 22h00 a Casa de Serralves recebe uma reinterpretação de Almada, Um Nome de Guerra e Nós Não Estamos Algures, de Ernesto de Sousa (1921-1988). São dois filmes criados nas décadas de 1960-70, cuja projecção será acompanhada por acções performativas, transformando-os assim em mixmedia.

Os dois mixmedia partiram do interesse de Ernesto de Sousa (cineasta, curador, artista, crítico de arte e de cinema português) pela obra de Almada Negreiros, que considerava uma figura tutelar e um possível motor para uma renovação das vanguardas em Portugal. Almada, Um Nome de Guerra e Nós Não Estamos Algures representam novas formas de conceber o cinema, aproximando-se de outras experiências levadas a cabo nos anos de 1960 e que ficaram conhecidas como Cinema Expandido [Expanded Cinema]. Este termo é utilizado para identificar práticas artísticas que se caracterizam ... pela integração de elementos performativos, participativos e espaciais que acompanham a projecção de um filme. No caso de Almada, Um Nome de Guerra e Nós Não Estamos Algures, as imagens de filmes e de diapositivos com e sobre Almada Negreiros serão acompanhadas por um grupo de músicos do Grupo de Música Contemporânea de Lisboa e pela leitura de textos por parte de performers não profissionais, envolvidos no processo de análise e discussão de textos e obras, tanto de Almada Negreiros quanto de Ernesto de Sousa, por João Sousa Cardoso, artista convidado por Serralves para dirigir artisticamente esta reinterpretação dos mixedmedia.

Paralelamente a esta apresentação, que tem lugar às 22h00, é inaugurada no mesmo dia uma exposição documental que dá conta do processo de criação de Almada, Um Nome de Guerra e Nós Não Estamos Algures. Serão apresentados cartazes, autocolantes, fotografias de época, partituras, cartas, materiais provenientes do espólio exemplarmente preservado pela viúva do artista, Isabel Alves.

No dia 6 de Julho será ainda inaugurada na Casa de Serralves a exposição 'Alternativa Zero' na Colecção de Serralves. Esta exposição surge em estreita ligação com a figura de Ernesto de Sousa, que organizou em 1977 uma das exposições mais marcantes do século XX em Portugal: 'Alternativa Zero'. Esta exposição foi pioneira na apresentação sistemática de projectos de artistas portugueses que apostavam em linguagens neo-conceptuais e funcionou como contexto fundador das raízes da contemporaneidade portuguesa e como possibilidade de uma nova vanguarda no panorama artístico nacional.

Serralves organizou em 1997 a mostra 'Perspectiva: Alternativa Zero', reconhecendo a importância histórica da exposição de 1977 e o seu carácter incontornável para qualquer estudo da memória recente da arte portuguesa. Foi uma oportunidade para se estreitarem laços com alguns dos artistas participantes na mostra organizada vinte anos antes, para se constituir uma equipa de trabalho que estudasse as suas obras e para integrar na Colecção de Serralves peças dos referidos artistas, nalguns casos exactamente aquelas com que haviam participado na 'Alternativa Zero' de 77. Quinze anos depois desta 'perspectiva' sobre a exposição original, apresentam-se no mesmo espaço, a Casa de Serralves, algumas das obras que fizeram parte das duas mostras, bem como outras peças de alguns dos artistas participantes, que entretanto integraram a Colecção de Serralves.