A LUME Photos abre a exposição Retratos dos Anos 1950 e 1960, de Alberto Ferreira, exibindo 15 fotografias que testemunham um período da história do Brasil e da Europa dos anos de 1960, como registros da construção de Brasília e dos tempos áureos de Portugal, França e Rio de Janeiro.

O começo dessa década foi marcado por uma efervescência de pluralidade de pensamento e ação. 'O mundo iniciava um processo de manifestações ideológicas e movimentos culturais. No Brasil vivia-se uma era de plena liberdade de expressão e a euforia com a criação da nova capital federal', declara Paulo Kassab Jr., curador da mostra. Alberto Ferreira foi testemunha ocular dessas transformações. Diretor de fotografia de um representativo veículo de imprensa no Brasil, o artista capturou momentos que hoje são vistos como registros da história.

A ingenuidade do início desse período seria abalada por fatos determinantes, tanto em âmbito local quanto global, que seriam responsáveis pelo final da inocência. Um dos principais representantes do fotojornalismo brasileiro, Alberto Ferreira soube captar este período de transição. Com técnica apurada, exibiu os reflexos humanos e sociais decorrentes dos fatos. É o interesse e a curiosidade do fotógrafo acerca de causa e efeito, de acontecimentos e impactos no indivíduo e em grupo, que o levam a concretizar poesia em fotografia.

Com inúmeras obras inéditas dos mais de 30 anos de produção fotográfica, Alberto Ferreira deixa um acervo histórico de retratos, muitos em exibição pela primeira vez na LUME Photos. Nas obras do fotógrafo pode-se ressaltar um detalhe diferente em cada registro. Apenas para citar alguns, em 'As Meninas', onde uma garota observa a tela de Velásquez, nota-se uma proporção perfeita entre a menina na fotografia e as meninas da tela, bem como sua atemporalidade, pois, passados anos, a 'menina' permanece. Em 'Pequeno Jornaleiro', por sua vez, destacam-se o enquadramento perfeito, os contrastes do preto e do branco e a luz especial que incide nas feições do menino.

As fotografias de Alberto Ferreira fazem parte da coleção da Maison Européene de La Photographie, instituição que o considera como um dos maiores fotógrafos do século XX, ao lado de nomes como Robert Doisneau, Edouard Boubat, Pierre Verger e Cartier Bresson, entre outros.

'Muito mais do que um espectador de seu tempo, Alberto Ferreira pode ser a testemunha perspicaz que imortalizou a realidade através de suas lentes meticulosas', define Paulo Kassab Jr.

Alberto Ferreira nasceu na Paraíba em 1932. Trabalhou por 25 anos no Jornal do Brasil, onde ocupou o cargo de editor de fotografia entre 1966 e 1988. Recebeu o Prêmio Esso de Fotografia em 1963 com a foto 'O rei se curva ante a dor que todo o Brasil sentiu', registro da contusão sofrida por Pelé durante o jogo contra a Tchecoslováquia na Copa do Mundo de 1962, no Chile. Em 1965 faria outro importante registro do rei, dessa vez uma majestosa bicicleta em jogo contra a Bélgica no Estádio do Maracanã, imagem que seria utilizada em selos dos Correios e que faz parte da coleção da Maison Européene de La Photographie, instituição que o considera como um dos maiores fotógrafos do século XX, ao lado de nomes como Robert Doisneau, Edouard Boubat, Pierre Verger e Cartier Bresson, entre outros. Alberto Ferreira faleceu em 2007 no dia em que completava 75 anos de idade.