Masumi enfrenta um desafio que está no cerne da vida urbana e se inscreve na produção contemporânea da arte: o de reconciliar o tempo imaterial de uma memória e a torrente de imagens que reflui nas cidades, em suas passagens, sinais, multidões, carros, corpos, ruídos. Ergue o plano do solo como uma face frontal da cidade a ser enfrentada e produz uma visão vertiginosa de calçadas e ruas. Cada trabalho é uma construção sensível de esquinas aparentemente desabitadas, porém, atravessadas por diversas temporalidades. Nascida no Japão, retoma a paisagem urbana a partir de fotografias das ruas do Leblon, onde mora. Presenças que se perdem entre tantos registros visuais da cidade são resgatados da indiferença e invisibilidade, no limiar entre observação e ficção. Marcam ritmos visuais, intensidades de luz e rastros de cor, que sugerem experiências temporais inesperadamente abertas no vazio. Luiza Interlenghi