Descripción de la Exposición
Não é por acaso que Niobe Xandó se interessou pelo contexto das pesquisas artísticas da Bahia no final dos anos 50, onde abriu uma mostra individual na Galeria Belvedere da Sé. A cidade era, nessa época, um importante centro de reinvenção da africanidade no Brasil, atraindo a atenção de muitos artistas e intelectuais. Esse processo de “nordestinização do modernismo”, que durou várias décadas, colocou em tensão três linhas de força: as oficiais durante a ditadura, que queriam criar imagens da afrobrasilidade para atrair o turismo; as forças da militância dos movimentos negros, que contestaram essa folclorização décadas depois; e, também, nas margens desses dois discursos, havia uma arena de artes experimentais que operava como um tecido de redes e colaborações entre intelectuais e artistas repensando essa africanização da pobreza nordestina a partir de um lugar crítico. É nesse contexto de trabalho coletivo e afetivo que Rubem Valentim descobriu o trabalho de Xandó. Fascinado pela sua lucidez, considerou-a “a primeira artista brasileira da textura", pelo tratamento da pintura matérica que remetia aos gestos do fazer popular, no qual a mão da artista e os materiais estavam muito presentes na superfície da pintura. Autoras como Catrin Seefranz argumentam que a arte manteve uma relação complexa com esse processo de africanização, já que produção artística resistia a ser instrumentalizada pelos discursos oficiais de turistificação complacente. Talvez seja por isso que, aprisionados por essa demanda folclorista, muitos artistas tiveram um reconhecimento tardio, já que, nas palavras de Seefraz, “as prioridades não eram a arte”[1] nessa estratégia de reinvenção.
Premio. 27 ene de 2025 - 10 mar de 2025 / Vitoria-Gasteiz, Álava, España
Formación. 01 oct de 2024 - 04 abr de 2025 / PHotoEspaña / Madrid, España