Para esta mostra, os artistas resolveram inovar e incluem em suas telas a técnica de pintura a óleo, nunca antes utilizada nas produções do coletivo, aliada aos decalques de imagens. Nessas telas, a temática é a própria pintura, os artistas escolhem temas clássicos da pintura tradicional, como as naturezas mortas, muito próximas dos 'vanitas', um tipo de arte simbólica que aborda temas que remetem a certeza da morte, insignificância da vida terrena e à efemeridade da vida. Essas imagens se fundem com pinceladas e interferências que mancham e, por vezes, destroem essa mesma imagem, tornando-se uma coisa só e reforçando a autonomia da pintura enquanto linguagem, em um jogo irônico com a questão da representação.

Já na série de desenhos, os artistas abusam do improviso para desenvolverem suas obras a seis mãos. 'Quando iniciamos o processo criativo não temos idéia ... de como ficará até que a gente define que o trabalho está pronto. Desta maneira o resultado traz os mais variados estilos de traço, composições e temas. É um processo de livre experimentação', explica o grupo.

No andar térreo da galeria, o coletivo Base-V apresenta uma instalação que ocupa por completo uma das salas da galeria. São cerca de 220 telas de tamanhos variados, os menores com 8 x 12cm e os maiores com 50 x 50cm, com imagens apropriadas de cartazes de cinema, propagandas, gravuras, reportagens, capas de revista e imagens antigas.

Para o primeiro piso da Choque, os artistas reuniram um apanhado de materiais que fizeram parte de toda a trajetória do Base-V - uma espécie de memorabília. Neste ano, o coletivo completa 10 anos e exibe de forma inédita para o público desenhos, matrizes usadas em trabalhos anteriores, impressões e afins.

Coletivo Base-V

Grupo de artistas de São Paulo que atua desde 2002. Atualmente é formado por Danilo Oliveira, David Magila e Zansky Trabalham a partir da experimentação livre e improvisação. O Base-V produz em diferentes linguagens, de publicações artesanais a instalações gráficas, misturando técnicas e materiais.

O grupo valoriza o trabalho coletivo acima da individualidade para criar novas formas de comunicação artística. Durante a execução, habilidades individuais perdem sua importância, o que cria uma nova abordagem, livre das questões autorais. O resultado final, então, adquire uma identidade nova. A massa revela uma grande variedade de texturas, harmonias, timbres e materiais, onde cada integrante do grupo deixa seu rastro e o próximo o mostra (ou deleta) dentro de um novo universo de referências.

Assim, o trio busca influir no processo de disponibilização das artes visuais ao público, tornando-as mais acessíveis em todos os âmbitos, através de ações que valorizam a produção artística trazida para a esfera pública, como a produção de livros e murais.

Principais exposições incluem as coletivas: RojoNOVA no MIS (Museu da Imagem e do Som), Do Papel ao Pixel na Galeria Marta Traba (Memorial da América Latina), TRANSFER no Pavilhão das Culturas Brasileiras (Pq. do Ibirapuera) e a mostra individual: Basado en Hechos Reales na galeria Hollywood in Cambodia (Buenos Aires). Participaram de publicações, como 'Latino Grafico - Visual Culture from Latin America', Die Gestalten Verlag, Alemanha, 2010; 'Screenprint Basics - A Complete How To Handbook', Gingko Press, EUA, 2010; 'Stuffz - Design on Materials', Gingko Press, EUA, 2009, entre outros.