Descripción de la Exposición ------------------------------------------------------- ------------------------------------------------------- Se há uma coisa a reter antes de analisar qualquer obra de Joana Rosa, essa coisa será antes de mais, a ideia de doodle - um desenho feito de forma automática sem que a autora o tenha planeado e muitas vezes executado enquanto pensa noutras coisas. É uma maneira de fazer passar o tempo, uma distracção, por vezes um reflexo imediato da mente de alguém, possivelmente explicado através da psicanálise. Para Joana Rosa, o produto destes momentos é fascinante. A artista colecciona doodles, seus e dos seus amigos, catalogando-os e reunindo-os na sua colecção. Mas os desenhos que tem feito ao longo dos anos seguem também eles quase sempre o caminho de um doodle, embora provocado. Tal como a sua personalidade oscila entre momentos bons e maus, também a sua obra tem sido sempre 'bipolar'. Assim, a par com uma produção de desenhos a que a autora designa por 'pretos', realizados com grafite sobre papel translúcido, Joana Rosa tem outro tipo de actividade. São desenhos 'infantis', onde a cor predomina em figuras de meninas princesas e homens-criança que pulam e brincam de forma aparentemente inocente. Até hoje, essa alternação entre estilos tem sido separada. Ora uma ora outra. E até agora, Joana Rosa tem dado primazia à produção de 'pretos' (as suas exposições focam-se muito mais nestes). Os 'pretos' eram desenhos obscuros, agressivos, repletos de maquinaria bélica, fios, botões, palavras de ordem, munições espalhadas e um caos organizado de carácter ameaçador. Por entre estes elementos, pernas de bailarina tornavam as composições mais paradoxais, parecendo serem reflexo de lutas internas da artista, com a vida e consigo própria. Intervalando estas explorações, Joana Rosa desenha sempre as suas 'bonecas'. Mas a artista tem sentido um crescente mal-estar com a sua obra recente na fase dos 'pretos' e tudo se tornou num ódio visceral contra as suas próprias criações dos últimos tempos. Assim, decidiu nunca mais desenhar 'pretos'. São parte do seu passado e certamente obras de grande impacto visual, violentas e ameaçadoras. Mas isso acabou. Nesta exposição, Joana Rosa decidiu investir na sua prática do desenho, como que num 'ginásio de mãos'. Pegando nos desenhos das 'bonecas', ela fechou-se em casa e durante horas a fio de dias a fio. Desenhou as suas personagens de crianças-mulheres, desde as formas iniciais das 'bonecas' até às criaturas descontroladas que agora vemos, rodeadas de elementos vários como peças de roupas desmesuradas (estas meninas brincam com a roupa das mães), peixes bons e maus, até dragões, aranhas e outras criaturas fantásticas. Não busque aqui significados ocultos, simbologias ou mitos. São exercícios puros de desenho como disciplina. São personagens e criaturas que se desenvolveram nos seus traços e na maneira como as mãos de Joana Rosa aprenderam a representar melhor uma perna, um braço, um olho (seja de peixe ou de menina). Um soutien, um sapato desmesurado, umas meias caídas... são aperfeiçoamentos no desenho, que cresceram e ficaram salpicados no papel como caprichos extravagantes. A artista desenha como quem respira: sem dar por isso, sem teorizar cada inspiração ou cada traço, cada pinta, cada cor. As suas canetas traduzem uma fluidez que lhe interessa desde sempre e se relaciona com um lado oriental a lembrar Hokusai, como estampas japonesas de natureza erótica mas em que o que interessa é a forma e menos o conteúdo ou o significado. 'Odeio conceptualismos', diz Joana Rosa. A artista quer distanciar-se de programas e ideias filosóficas para se concentrar no aperfeiçoamento do desenho e no seu respirar num continuar que se traduz na sequência desta exposição, desde as meninas até às quase répteis criaturas mulheres. 'O desejo de ter uma ideia é como isco. Quando se está a pescar, é preciso ter paciência. Coloca-se o isco no anzol e espera-se. O desejo é o isco que atrai aqueles peixes - aquelas ideias', disse o realizador, artista plástico e músico David Lynch. Mas uma ideia pode ser não um raciocínio filosófico e sim uma forma que se desenvolve noutras formas. 'O que é bonito é que, quando se apanha um peixe que se ama, mesmo que seja um peixe pequeno - um fragmento de uma ideia -, esse peixe vai atrair outros peixes e agarrar-se-ão a ele. Então, está-se lançado. Em breve começam a surgir cada vez mais fragmentos e a coisa inteira emerge. Mas começa com um desejo (1). E já agora, nesta exposição, também há muitos peixes... (1) LYNCH, David, Em Busca do Grande Peixe - Meditação, Consciência e Criatividade. Ed. Estrela Polar, Cruz Quebrada, 2008.
Primera exposición individual en la galería.
Exposición. 19 nov de 2024 - 02 mar de 2025 / Museo Nacional del Prado / Madrid, España
Formación. 23 nov de 2024 - 29 nov de 2024 / Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía (MNCARS) / Madrid, España