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DubaiLand

Exposición / Módulo - Centro Difusor de Arte / Calçada Dos Mestres 34 A/b / Lisboa, Portugal
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Cuándo:
30 jun de 2012 - 12 sep de 2012

Inauguración:
30 jun de 2012

Organizada por:
Módulo - Centro Difusor de Arte

Artistas participantes:
Aleix Plademunt
Etiquetas
Fotografía  Fotografía en Lisboa 

       


Descripción de la Exposición

Aleix Plademunt (Girona 1980) é um fotógrafo catalão que apresenta um conjunto de imagens recolhidas no Dubai de hoje. A série intitulada, DubaiLand, destaca alguns dos símbolos que reportam à acção do homem e a sua inter-relação com o espaço envolvente na cidade do Dubai. Pretende-se com estes símbolos ampliar o olhar no sentido de uma visão mais global e alargada de forma a revelar as evidências sociais e ideológicas que determinam alguns dos nossos hábitos e inquietações de uma geração.

 

A metrópole do Dubai foi construída num tempo mínimo e com um máximo de investimentos. O que poderia ter sido uma cidade modelo converteu-se num resultado artificial e distante. O reconhecido antropólogo, Marc Augé, refere a dada altura do texto sobre esta série fotográfica: '.... não se trata apenas de uma imagem deformada do Ocidente, um sonho mimético e alienado, mas a verdade do universo mental e físico que hoje nos é comum, onde quer que vivamos'(ver abaixo texto integral)

 

Ao vermos estas fotografias confrontamo-nos com um registo de acções irónicas resultantes da existência do ser. Não se pretende uma aproximação antropológica, mas antes uma observação fascinada por não termos respostas, pela surpresa, o fascínio ao mesmo tempo que o absurdo, no processo de construção artificial da paisagem, e da nossa relação com todos estes elementos. Mas citemos Christian Caujolle: « Ce Dubaï là, celui de l?illusion, du trompe l?oeil, des apparences trompeuses, est en parfaite adéquation avec les fonctionnements même de la photographie qui donne à voir et laisse croire, sans se soucier et même sans savoir aller au delà de la surface. Aleix Plademunt, jeune artiste catalan, a parfaitement compris le parti qu?il pouvait tirer de ces leurres, de ces décors qui semblent, au bout du compte, n?appeler rien d?autre que l?image. Il a tiré les leçons des coloristes contemporains, sans se laisser prendre ni par une tradition américaine qui s?émousse après avoir changé la vision dans les années soixante-dix, ni par la rigueur implacable et la froideur de l?école allemande qui tient depuis vingt ans le haut du pavé, sur le terrain des espaces urbains et architecturaux entre autres. Il n?a pas copié, il ne s?est pas coulé dans un moule, il a appris de la rigueur et du fonctionnement par projets, par séries.

 

Dubaïland. C?est un immense parc d?attractions poussé aux limites actuelles de l?imaginable. Un jardin artificiel dans lequel on amène à prix d?or de l?eau pour faire pousser au bord des routes des ifs que l?on taillera impeccablement, comme dans des jardins «à la française », un espace dans lequel une fusée, sortie tout droit de Tintin, tentera de séduire sous le soleil le visiteur qui ne se sera pas réfugié dans la fraîcheur d?une pyramide égyptienne bien accompagnée de ses obélisques et de son Sphinx ou qui n?aura pas fait halte à l?ombre d?une tasse monumentale de « Nescafé ». Dubaï, c?est un monde, un nouveau monde, dans lequel, sur le bord de l?autoroute, des jeeps grosses comme des immeubles donnent l?échelle des véhicules filant sur l?asphalte, devenus ridicules miniatures, et qui n?ont aucun sens de la mesure, ni de la modestie.» (ver abaixo texto integral)

 

Aleix Plademunt tem uma extensa participação em exposições colectivas e individuais de referência em Espanha e no estrangeiro, como também uma longa bibliografia, de que destacaria apenas 100 New Artists da comissária Francesca Gavin, editado em agosto de 2011 em Londres.

 

Seguem os textos integrais de Marc Augé e também do francês Christian Caujolle, redactor-chefe durante vários anos da secção de fotografia do jornal, Libération, director dos Rencontres Internationales de la Photographie d'Arles em 1977 e fundador da Agência Vu de Paris, onde é responsável pela programação da galeria Vu.

 

Aleix Plademunt percorre o Dubai como quem folheia um livro de imagens. Detém-se em algumas delas, isola-as e converte-as, por sua vez, em imagens. Imagens de imagens, portanto, mas atenção: nestas imagens do Dubai, que ele escolhe para converter em imagens, fotografias para ser mais exacto, está presente o mundo contemporâneo, o mundo em que todos nós vivemos, onde os avanços da ciência e da tecnologia adquirem cada dia mais força e da forma mais espectacular, particularmente através das imagens que esse mundo dá de si mesmo. Dito de outra maneira, nestas fotografias descobrimos o processo de 'mise en abyme' característico da nossa época, ao qual não damos a devida atenção por fazermos parte no dia a dia desse movimento que nos conduz constantemente de aqui para lá, da realidade para a ficção e da imagem à imagem. Esta vertigem é - nos induzida pelos diferentes meios de comunicação, que julgamos manipular quando são antes estes os manipuladores, e se nos parece natural é porque perdemos a capacidade de os controlar.

 

Dito isto, há lugares em que isto é tão pronunciado, como que por um efeito de 'amplificação', que funciona um pouco à maneira de um sinal que é preciso saber perceber e decifrar. É precisamente aqui que a fotografia de Aleix Plademunt intervém com uma eficácia cujos mecanismos gostaria de analisar brevemente nestas linhas.

 

O Dubai não é a Disneylandia, não se apresenta oficialmente como um parque temático separado do mundo que o rodeia por uma fronteira - a que divide a ficção da realidade. Claro que, inclusivamente na Disneylandia, essa fronteira relativisa-se ou está em vias de desaparição. Dentro dos parques criados por Disney há zonas comerciais e lugares onde se podem praticar actividades distintas que para o cidadão médio americano são normais e familiares, e no exterior desses recintos estão os hotéis, prédios de habitação, ou inclusivamente (como no caso da Disneyland Paris, uma cidade com a marca de Disney, apesar de se situar fora do ambito da ficção oficialmente reconhecida como tal. Nas fotografias de Aleix Pladedmunt o tema da 'não fronteira' é retomado como um leitmotiv ou como uma variação modulada sobre diferentes ritmos. Vemos aí desaparecer sistematicamente a fronteira entre tecnologia e arte, entre microcosmos e macrocosmos, entre função e representação, e é de certo modo esta negação que o fotógrafo fixa na película.

 

Qual é a diferença entre o 4x4 gigante que domina a estrada e o que circula por ela? A viatura com rodas enormes e à primeira vista desmesuradas que estaciona numa garagem em forma de pirâmide é uma fantasia ou o meio mais eficaz de se deslocar na areia do deserto? Dentro do globo terrestre erguido sobre rodas onde se pode entrar por uma porta pequena, depois de se ter subido por uma escada metálica, há um laboratório ou uma atracção? A não ser que se trate de um objecto de arte dirigido ao nosso olhar e à nossa reflexão?

 

O tema da supressão da fronteira vem da negação, ou diria antes que é o princípio de toda uma série de negações postas sistematicamente em cena: negação da morte (as esculturas dos elefantes e das girafas impressionam mais do que os próprios animais vivos); negação do clima (como se a verdade estivesse do lado dos oásis ou das neves artificiais); negação do deserto ( onde se constróem as cidades mais modernas).

 

Há no entanto outras imagens que, face às imitações dos clichés da modernidade tardia, reivindicam a eternidade da tradição beduína: o deserto, a caça, o falcão, o cavalo. Como se pode mudar sem mudar? Reside aqui a obsessão de todos os que entram na modernidade com receio. Há toda uma série de belas palavras nostálgicas que resumem essa ideologia da adaptação conservadora: valores, tradição, fidelidade... Essas palavras, hoje, já não são tais, simplesmente imagens, estereótipos como tantos outros, onde sobrevivem alguns tópicos da bravura masculina que têm certamente a vida dura, mesmo que o cavaleiro do deserto se tenha transformado em jogador de pólo. Esses estereótipos e, em geral, o conjunto das imagens simultaneamente convencionais e surpreendentes sobre as quais se detém o olhar do fotógrafo adquirem força pelo facto de terem sido extraídas do seu contexto, estão isoladas, captadas na sua incongruência essencial.

 

Na minha opinião, o tema central destas imagens não são as singularidades do Dubai. Se a fotografia vale ao mesmo tempo pelo que mostra e pelo que sugere, ela sugere aqui, por detrás do kitsch da decoração e da aridez do deserto, a força e fragilidade de uma natureza ameaçada. Ela põe-nos diante do jogo de espelhos onde se perde o olhar do homem, ao procurar encontrarse.

 

Mostra-nos que o Dubai não é apenas uma imagem deformada do Ocidente, um sonho mimético e alienado, mas a verdade do universo mental e físico que nos é comum hoje em dia, onde quer que vivamos. O gasto desmedido, a fuga para a frente, a negação de uma realidade que nos assusta ainda mais por nos sentir responsáveis pela sua degradação... Tudo isso é nosso. De uma forma deliberada ou não, a imitação e a caricatura dizem sempre a verdade.

 

O olho crítico do fotógrafo localiza essa verdade, fá-la sair do esconderijo e transmite-a a nós com a temível inocência que reside na essência da sua arte. Basta que nos mostre um a um os elementos do sonho que os reuniu (um obelisco, uma chávena de café gigantesca, uma nave espacial....) para que possamos perceber neles, irrisórios e inquietantes, os pedaços soltos do nosso futuro impossível.

 

Marc Augé

 

DUBAILAND por Christian Caujolle

 

Dubailand. Oui, comme Disneyland. Mais un Disneyland qui ne serait pas du tout une destination pour visites familiales (par ailleurs ruineuse... ), avec personnages bien vivants venus des films qui, après avoir traversé l?Atlantique, ont enchanté, de dalmatiens en Minnie, de Pluto en Roi Lion, des générations d?enfants. Qui ne serait pas non plus un espace médiatisé dans lequel un Président de la République, pour se faire remarquer, fait savoir à son bon peuple qu?il est amoureux d?une chanteuse d?origine italienne en portant l?enfant de cette dernière sur ces épaules. Non, un Disneyland où vivre. Un espace entièrement fabriqué, aux portes du désert, au sein du désert, comme un défi à toutes les règles qui, depuis les débuts de l?humanité ont vu des êtres s?installer dans des contrées accueillantes, ou au moins supposées telles.

 

Dubaï est un petit pays. Mais d?une très grande richesse, venue de son soussol, insoupçonnable sous l?étendue de sable: le pétrole, l?or noir. Un pactole que, dans la logique de l?argent, il faut investir, faire fructifier, installer pour que reste quelque chose après que la source, comme cela adviendra, soit tarie. Alors, Dubaï parie sur le tourisme. Un tourisme de luxe extrême, où l?on ne compte plus la surenchère d?étoile pour des palaces futuristes dont l?esthétique combine clichés des Mille et Une Nuits, Star Wars et échos en carton pâte d?une Antiquité fantasmée.

 

Qu?elle soit gréco-romaine ou encore égyptienne. Pour que le rêve soit plus fort, inimaginable en fait, et pourtant bien «réel», on construira des îles, de nouveaux polders gagnés sur la mer, mais en forme de palmiers, on fera preuve d?extravagance, on débordera de dorures, on affichera les codes d?une luxuriance orientale que les occidentaux raffinés trouveront de mauvais goût, avec cimeterres en néon et statues géantes, façon bronze, aux paillettes clignotantes. L?apparence du toc et la lourdeur d?un «chic» formaté sur les normes récupérées des valeurs de l?Ouest, avec toute la gamme de produits de luxe, de marques clinquantes, de bimbeloterie d?or et de diamants.

 

C?est donc Dubaï. Dubaïland. Dubaï qui s?imagine comme un futur, qui s?invente un futur construit par des immigrés à la peau brune venus souvent d?Asie et normalement exploités par les anciens bédouins ayant oublié leurs tentes et leurs chameaux dans leurs grosses voitures climatisées. Un futur ? C?est ce qu?ils disent. Ce qu?ils croient certainement. Ce dont ils ressentent le besoin, de façon de plus en plus prégnante au fur et à mesure que la source de richesse dit sa fragilité. Venue du néant, la ville dit, plus que tout autre, en les poussant à leurs limites absurdes, les désirs, les fantasmes, les illusions du monde contemporain.

 

Ce Dubaï là, celui de l?illusion, du trompe l?oeil, des apparences trompeuses, est en parfaite adéquation avec les fonctionnements même de la photographie qui donne à voir et laisse croire, sans se soucier et même sans savoir aller au delà de la surface. Aleix Plademunt, jeune artiste catalan, a parfaitement compris le parti qu?il pouvait tirer de ces leurres, de ces décors qui semblent, au bout du compte, n?appeler rien d?autre que l?image. Il a tiré les leçons des coloristes contemporains, sans se laisser prendre ni par une tradition américaine qui s?émousse après avoir changé la vision dans les années soixante-dix, ni par la rigueur implacable et la froideur de l?école allemande qui tient depuis vingt ans le haut du pavé, sur le terrain des espaces urbains et architecturaux entre autres. Il n?a pas copié, il ne s?est pas coulé dans un moule, il a appris de la rigueur et du fonctionnement par projets, par séries. Il reste dans la logique de ses travaux antérieurs, de sa captation des lumières et de la couleur pour analyser et mettre en crise le monde qu?il traverse, poser des questions, pointer des absurdités, s?inquiéter sans se lamenter. Tout cela sans spectaculaire, avec un joli sens de l?humour et de la dérision. C?est ce qu?il a démontré dans son projet «Res» («Rien», en catalan) pour lequel il a installé ce mot, l?un des plus courts et les plus significatifs peut-être d?aujourd?hui, dans toutes langues et les graphies du monde, de Grèce au Japon, des Etats-Unis en Turquie, de Chine au Mexique, de Russie en Egypte et, bien entendu, à Barcelone. Dans la logique, également, de sa proposition des «Spectateurs» qui, tour à tour insolites, isolés ou en masse, regardent un univers inquiétant, dérisoire ou normalisé sur leurs chaises pliantes en bois, de celles que l?on retrouve dans le monde entier.

 

Dubaï. Dubaïland. C?est un immense parc d?attractions poussé aux limites actuelles de l?imaginable. Un jardin artificiel dans lequel on amène à prix d?or de l?eau pour faire pousser au bord des routes des ifs que l?on taillera impeccablement, comme dans des jardins « à la française », un espace dans lequel une fusée, sortie tout droit de Tintin, tentera de séduire sous le soleil le visiteur qui ne se sera pas réfugié dans la fraîcheur d?une pyramide égyptienne bien accompagnée de ses obélisques et de son Sphinx ou qui n?aura pas fait halte à l?ombre d?une tasse monumentale de «Nescafé». Dubaï, c?est un monde, un nouveau monde, dans lequel, sur le bord de l?autoroute, des jeeps grosses comme des immeubles donnent l?échelle des véhicules filant sur l?asphalte, devenus ridicules miniatures, et qui n?ont aucun sens de la mesure, ni de la modestie.

 

On peut imaginer les chaises des «spectateurs» d?Aleix Plademunt, installées devant un «rien» calligraphié en arabe et traduit en «Nothing» face à une mappemonde rutilante installée sur un rond point de Dubaï. Il n?y aurait là aucune exagération.

 

Christian Caujolle

 


Imágenes de la Exposición
Aleix Plademunt

Entrada actualizada el el 26 may de 2016

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