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Exceptional Journeys

Exposición / 3+1 Arte Contemporánea [ESPACIO TRASLADADO] / Rua António Maria Cardoso, 31 / Lisboa, Portugal
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Cuándo:
25 may de 2012 - 30 jun de 2012

Inauguración:
25 may de 2012

Comisariada por:
Rita Sobreiro

Organizada por:
3+1 Arte Contemporánea

Artistas participantes:
Brion Nuda Rosch, Sean McFarland

ENLACES OFICIALES
Web 

       


Descripción de la Exposición

A 3+1 apresenta pela primeira vez em Portugal colagens e fotografias dos artistas norte-americanos Brion Nuda Rosch (1976, Chicago) e Sean McFarland (1976, Califórnia).

 

Baseados em São Francisco e expondo consistentemente desde 2003/2004, ambos os artistas têm obtido amplo reconhecimento por parte do público e do meio especializado, reconhecimento esse que se traduz em importantes prémios (Brion - Artadia Award, 2009; Sean - Baum Award for Emerging American Photographers, 2009) e representação em coleções prestigiantes como as do MoMA e Deutsche Bank, Nova Iorque (Brion) ou do SFMoMA e Whitney Museum of American Art Library (Sean).

 

Brion e Sean partilham do interesse pela paisagem como sujeito das suas construções visuais e recorrem à montagem como processo base de hibridação entre o ficcional e o documental. As suas imagens são em grande parte re-apresentações de paisagens possíveis que habitam uma 'ideia de real'. Elas existem já no nosso sistema visual porque evocam memórias aproximadas e se ajustam suficientemente ao estereótipo. Com efeito, estas obras apresentam uma meta-realidade, uma realidade amplificada, composta, feita de camadas, de apropriações, de impossibilidades, no entanto passível de ser aceite pela razão como categoria operativa para o entendimento da imagem.

 

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All Nature is but art, unknown to thee

All chance, direction, which thou canst not see;

All discord, harmony not understood;

All partial evil, universal good.

- Alexander Pope

 

O mito do Oeste Americano enquanto último reduto da natureza intocada e 'terra das oportunidades' foi criado em grande parte pela possibilidade da sua representação em forma de imagens e sobreviveu como ideia mesmo após a sua ocupação desenfreada e consequente transformação. Mas, como afirma Sean McFarland, 'depois de ser fotografado, o Oeste americano nunca mais poderia ser selvagem'. A representação imagética - especialmente sob a forma de fotografia pelo seu atributo de verdade - entra assim para a história da paisagem americana no papel de agente-duplo que colabora tanto na preservação como na destruição do lugar encontrado.

 

A criação deste mito e os processos da sua desconstrução são referentes importantes na leitura das colagens de Brion Nuda Rosch e fotografias de Sean McFarland. De certa forma eles pertencem à linhagem dos paisagistas americanos - do misticismo romântico da Hudson River School na pintura à grandiloquência lumínica de Ansel Adams na fotografia -, ainda que enformados de uma nova consciência estética, política e ecológica.

 

Não será decerto improvável encontrar nas páginas de livros sobrepostas que constituem as obras de Brion pinturas de Thomas Cole, Albert Bierstadt1 ou dos seus discípulos. Mas as razões pelas quais Brion apropria estas imagens têm já pouco a ver com a crença numa América abençoada e destinada ao progresso. Ou melhor, essa referência é apresentada apenas para ser subvertida. As motivações prendem-se agora às ideias de memória pessoal e colectiva, de reprodução e reconstrução (todas necessariamente interligadas).

 

Durante uma visita ao seu estúdio, Brion contou-me das viagens de carro que fazia com a sua família em criança e dos momentos em que paravam para admirar uma determinada paisagem, específicos enquadramentos do real que se foram gravando na sua memória. Mas porque a memória é um bicho criativo, essas imagens sobrepõe-se, reconstroem-se sozinhas, criando novos registos. No fundo, dizia-me, estamos sempre a procurar e a encontrar a mesma paisagem. Estas montanhas achadas em páginas de livros funcionam portanto como arquétipos; mais do que realidades geográficas, elas representam o mito da natureza selvagem que hoje sabemos morto. Ao colar uma montanha sobre a outra, alinhando-as perfeitamente para que o cérebro aceite a imagem como legível, Brion não só pede um olhar atento passível de despertar considerações mais profundas sobre a nossa relação com a natureza e a sua imagem, como pratica um ato impossível, um gesto genuinamente poético. Mover montanhas, criar novas paisagens a partir de preexistências sem no entanto colocar nelas o destrutor dedo humano. Criar novos mundos com gestos mínimos, sem deixar marcas.

 

Sean McFarland interessa-se pela paisagem e sobretudo pela sua história. As fotografias que constituem a série aqui apresentada - Pictures of the Earth - são, nas suas palavras, 'testemunhos da paisagem, mostrando a sua história, a nossa marca nela e a admiração da sua beleza'. Pouco interessa se grande parte das imagens não são capturadas in loco pelo artista, mas antes construídas no estúdio a partir de outras imagens. Toda a história é ficção e desde sempre a realidade foi contada através de histórias. O aparente distanciamento da ficção funciona como um filtro para apresentar o essencial de uma ideia. E a ideia aqui é a da tentativa de aproximação a uma natureza intocada, já inexistente mas ainda passível de ser apresentada como verdade. O recurso à técnica da polaroid, associada ao instantâneo e à qualidade de índice (a prova de presença) atribui a estas imagens uma ideia de veracidade essencial à sua eficácia visual e conceptual. O facto de serem apresentadas como verdade, não só produz esse sempre eficaz mecanismo psicológico da estranheza familiar, como possibilita - essa é a esperança do artista - o questionamento da nossa relação com a paisagem e com a sua representação.

 

Ao mesmo tempo que atestam fascínio e nostalgia por uma ideia de natureza em estado selvagem, estas imagens falam portanto da sua desintegração, no sentido ecológico e no sentido estético. Elas afirmam que, na sua existência real como na sua representação, a paisagem é sempre composição, fruto de um processo de escolha, de síntese e consequentemente de exceção.

 

Sean McFarland e Brion Nuda Rosch operam com base nesta premissa de que toda a paisagem é síntese mental, nela explorando as possibilidades do gesto mínimo e/ou imperceptível. Há no trabalho de ambos os artistas uma qualidade clássica e intemporal, um jeito singelo de criar elegantes imagens, atmosferas sensíveis, curtos poemas plenos de sentido(s).

 


Imágenes de la Exposición
Brion Nuda Rosch, And the mountain fell from the Sky and Everything..., 2012

Entrada actualizada el el 26 may de 2016

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