Descripción de la Exposición Desde 2011, Pedro Varela vem explorando uma nova fase em sua produção, que é definitivamente o que se apresenta nesta exposição. São pinturas em acrílica cujo mote advém do conceito de natureza-morta, que discutirei mais à frente. O curioso é colocar esse 'novo' em questão. O trabalho de Varela constitui-se em uma coerência que cada vez mais seacentua. Mesmo sendo pinturas, a instância do desenho e de sua delicadeza mais sutil -características de fases de outrora- estão presentes. É uma pintura que se alimenta do desenho, e vice-versa. O pincel em determinados momentos vira uma ponta-seca, tal a precisão e a suavidade com que essas ornamentações são criadas. Varela abdica do caráter projetual que o desenho poderia ter, para incluí-lo, experimentá-lo e condensá-lo à pintura. Uma suposta autonomia que eles -pintura e desenho- poderiam ter é desmascarada por essa confluência que a obra de Varela emprega. Por outro lado, a aquosidade do acrílico empregada pelo artista reordena aquilo que poderíamos chamar de erro, isto é, o transbordamento da tinta não é algo fortuito; pelo contrário, as marcas, texturas e manchas tecem uma ambientação que reforça a ideia de essa natureza estar flutuando. Esse dado etéreo, construindo um jogo de sombras e volumes que denota essa suspensão da matéria, e o fato de Varela retirar os objetos de sua banalidade e seu prosaísmo encontram ressonâncias nas influências assumidas do artista: Archimboldo, Eckhout e Guignard. Este último, ainda mais, por conta do desempenhoproblematizador do seu trabalho na concepção da chamada pintura de paisagem, e em especial por seu gosto pelo caprichoso e pelo decorativo. A natureza-morta é algo que se confunde com a própria história da arte, e com a ideia de moderno, se nos detivermos ao exemplo de Cézanne. Contudo, na obra de Varela, o 'modelo tradicional' de natureza-morta é substituído por uma vegetação que habita uma zona fronteiriça entre fantasia e realidade. Perguntamo-nos se essas plantas existem.Provavelmente não, mas existe uma chance de não existirem. Elas poderiam existir, talvez, a léguas e léguas no fundo do mar, e portanto nunca teríamos certeza da existência delas. Varela nos apresenta, pouco a pouco, a cartografia de um mundo imaginário, como se em algum momento e de alguma forma ele pudesse existir, acabando por se conectarcom as 'fabulações produzidas pelo mundo real', tais como a literatura (fantástica, passando por Júlio Verne) ou o cinema (os filmes de ficção científica ou os chamados 'filmes de aventura'). Essa contradição -da aparição da forma- é explorada pela própria dificuldade histórica em se encontrar o pigmento azul.
Exposición. 31 oct de 2024 - 09 feb de 2025 / Artium - Centro Museo Vasco de Arte Contemporáneo / Vitoria-Gasteiz, Álava, España