O artista paulista Rubens Mano inaugura, dia 15 de outubro, das 11h às 17h, a exposição incessante - incurável. A mostra individual ocupa todos os espaços da Galeria Millan, desde as salas de exibição normalmente oferecidas até escritórios, depósito, banheiros e reserva técnica, com cerca de 20 proposições nos mais distintos formatos, como fotografia, gravura, moldagem, vídeo e objeto.

A exposição se configura como continuidade do sólido percurso desenvolvido por Rubens Mano, no qual o artista pesquisa questões referentes à constituição de lugares, à transformação do espaço em imagem e às mediações entre trabalho e audiência. Em práticas anteriores, atuou sobre o espaço urbano de modo a recuperar o sentido do lugar como encontro, espaço passível de apropriação por seus frequentadores. As situações criadas por ele, sem indicadores de que se trata de uma ação artística, podem passar desapercebidas pelo ... público, possibilidade que integra sua proposta e implica o envolvimento do [antes] espectador como parte atuante e ativa do processo artístico - no qual tanto o espaço quanto seu visitante só podem existir numa relação mútua.

Em incessante - incurável, o artista desdobra de maneira mais complexa suas inquietações sobre mecanismos de funcionamento e produção de espaços. Ele ocupa a Galeria Millan com uma reveladora aproximação à esfera da arte e às relações entre seus atores (galeria, instituições, artistas, público, produção, comunicação etc). Não se trata, contudo, apenas de explicitar um olhar crítico ou uma camada menos visível dessas relações, mas entender como tais processos podem estar plasmados na poética do artista. Ou seja, incessante - incurável deixa claro haver um espaço de convergência entre a construção poética e as possibilidades de uma dimensão crítica.

Como forma de abranger boa parte das questões envolvidas, a própria comunicação e divulgação da exposição foram abarcadas pelo projeto. Assim, para preservar a experiência ofertada aos visitantes, o artista e a Galeria optaram por não revelar as obras que estarão presentes na mostra, apenas as técnicas utilizadas, a quantidade aproximada e o conceito que organiza sua produção. Afinal, os eventuais movimentos de inscrição e apropriação propostos com a exposição não se restringem ao artista, ao público, à galeria, mas sim a todos os seus atores, incluindo a imprensa e a crítica de arte.