Descripción de la Exposición
A exposição Anri Sala: o momento presente, que abre no dia 12 de dezembro no IMS Paulista, é a segunda apresentação ampla do artista albanês Anri Sala (Tirana, 1974) no Brasil. Trata-se de um projeto que compreende duas exposições no Instituto Moreira Salles. A primeira delas aconteceu na sede do IMS do Rio de Janeiro, em 2016. A segunda etapa da exposição ocupa dois andares do IMS Paulista e apresenta obras ainda inéditas no país. Por ocasião da abertura, no dia 12, às 19h, acontece uma conversa entre o artista e Heloisa Espada, curadora da mostra.
Na etapa paulista, Anri Sala: o momento presente reunirá trabalhos recentes, sobretudo videoinstalações sonoras, tais como The Present Moment (2014), Long Sorrow (2005), Answer Me (2008), Le Clash (2010) e Tlatelolco Clash (2011). A mostra explicita a dimensão política e ao mesmo tempo sensível da obra de Sala. Por um lado, as obras propõem uma avaliação crítica do mundo contemporâneo; por outro, impactam a sensibilidade do espectador por meio do som. Para Heloisa, “ao justapor situações pessoais, históricas e políticas, os trabalhos em exibição propõem aos visitantes experiências nada apaziguadoras”.
O grande destaque da exposição no IMS Paulista é a videoinstalação The Present Moment (in D) e The Present Moment (in B-flat) (2014), apresentada pela primeira vez no país, em que o artista reconstrói a composição Verklärte Nacht [Noite transfigurada], Op. 4, de Arnold Schönberg. Nessa e em outras obras, Sala explora o potencial da música de nos conectar de maneira intensa com o presente.
Outro destaque da mostra é a videoinstalação Làk-kat 3.0 (Brazilian Portuguese/Portuguese/Angolan Portuguese) (2016), uma nova versão do vídeo de Làk-kat, filmado em 2009, no Senegal, desenvolvida especialmente para a exibição no Brasil. A obra é composta por três telas mostrando a mesma cena de um diálogo em uólofe (língua original da região onde hoje fica o Senegal) e francês, sendo que cada uma das telas apresenta legendas em português enfocando diferenças entre expressões idiomáticas típicas do Brasil, de Portugal e de Angola. Além de abordar relações de poder por meio da impossibilidade de se traduzir algumas palavras em uólofe, a obra lança um olhar para o passado colonial do Brasil e suas raízes africanas. Para realizar a nova versão brasileira, o artista trabalhou em colaboração com a escritora brasileira Noemi Jaffe, o angolano Ondjaki e o português José Luís Peixoto.
Acompanha a mostra um catálogo com textos inéditos de Heloisa Espada, Moacir dos Anjos e Natalie Bell, além da tradução de um artigo de Jacques Rancière. Com projeto gráfico do escritório de design Bloco Gráfico, a publicação recebeu o Prêmio Aloísio Magalhães para melhor projeto gráfico da Biblioteca Nacional e foi escolhido pelo American Institute of Graphic Arts como um dos 50 melhores livros de 2016 no prêmio 50 Books | 50 Covers. O catálogo está à venda nos centros culturais do IMS e na loja online.
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Nos trabalhos que compõem esta exposição, a música ora surge como forma de resistência, ora como devaneio, sonho ou resposta. Ela revela singularidades, é memória, esforço físico e vibração mecânica. Anri Sala desconstrói composições que já existem, justapõe sons, isola fragmentos, destaca os intervalos entre as notas e convida o público para um passeio no espaço e no tempo.
Após trabalhos como Intervista (Finding the Words) (1998) e Dammi i Colori (2003), que refletem sobre questões políticas e de linguística, Anri Sala (Tirana, 1974) elegeu o som e suas relações com a arquitetura como matéria-prima central de sua produção. Além de interferir nos tempos e na composição de arranjos, que vão do pop ao clássico, ele apresenta a música como uma linguagem suscetível a circunstâncias sociais, técnicas, físicas e emocionais, sendo uma experiência única a cada execução.
A exposição explicita a dimensão estética e, ao mesmo tempo, política da obra de Anri Sala. Por um lado, o espectador é lançado com radicalidade no tempo presente por meio de abordagens do som como fenômeno físico de alto impacto sensorial; por outro, é levado a avaliar o momento atual a partir de um ponto de vista histórico. Ao desconstruir linguagens e capturar nossa atenção em pontos distintos do espaço, o artista expande a capacidade da música de criar uma parcela de tempo isolada do passado e do futuro.
Heloisa Espada
Curadora